As duas palavras têm mais semelhanças que suas terminações rimadas, e em alguns casos, pelo senso comum, poderiam ser consideradas sinônimos.
São usadas para identificar situações com sintomas muito parecidos, mas com origens diferentes. Embora a presença de uma não exclua necessariamente a presença da outra. Opto pelo termo feitiçaria ao invés de bruxaria, pois considero bruxos os seguidores da Bruxaria ou Stregueria (religiõs antigas). Enquanto feiticeiros considero qualquer um que realize um feitiço que leu em qualquer lugar, sem processos de iniciações e conhecimento.
Um pouco sobre histeria
(provém de histeros, que em grego, quer dizer útero)
De um modo simplista e genérico, a histeria é um mecanismo de transformação dos afetos em sintomas somáticos, ou seja, uma neurose. Foi estudada por Jean Martin Charcot, Josef Breuer (Viena, 15 de janeiro de 1842 — Viena, 20 de dezembro de 1925), Sigismund Schlomo Freud (Příbor, 6 de maio de 1856 — Londres, 23 de setembro de 1939)e Jacques-Marie Émile Lacan (Paris, 13 de abril de 1901 — Paris, 9 de setembro de 1981).
Definições:
A histeria para os gregos, há mais de dois mil anos, era uma perturbação causada por desequilíbrios do útero e portanto, considerada como uma doença feminina. Hipócrates a explicava como um movimento irregular de sangue do útero para o cérebro.
Para Charcot, a histeria era um transtorno fisiopático do sistema nervoso que não apresentava nenhuma perturbação neurológica orgânica, uma representação carregada intensamente de afeto, sendo que a força deste se transpunha para o corpo; daí a formação do sintoma somático. Assim Charcot , demonstrava e provava sua idéia produzindo sintomas através da sugestão hipnótica (FREUD, 1925/1969). Charcot ainda fez distinções entre histeria e epilepsia
Para Freud e Breuer a histeria seria uma "doença" (neurose) originária de uma fonte da qual os pacientes relutam em falar ou mesmo não conseguem discernir sua origem. Tal origem seria encontrada em um trauma psíquico ocorrido na infância, em que uma representação atrelada a um afeto aflitivo teria sido isolada do circuito consciente de idéias, sendo o afeto dissociado desta e descarregado no corpo. Através da hipnose, os pacientes conseguiam reencontrar a lembrança traumática, tendo assim a oportunidade de reagir a esta por suas palavras (falando) aliviando seus sintomas. Após estudos e trocas com Breuer, Charcot e o ginecologista Chrobak, nos quais os três fazem referência à distúrbios sexuais como causas de doenças, Freud relata a origem de sua idéia de uma etiologia sexual das neuroses, em A História do movimento psicanalítico ( FREUD, 1914/1969).
No século XIX, em um mundo predominantemente patriarcal, “a Histeria passou a incorporar a própria feminilidade como problema e enigma” (Borossa, 2005, p. 5).
O estudo da histeria foi a base para a psicanálise, e a histeria é resposta a castração.
Sintomas clássicos da histeria
o principal sintoma da histeria é o direcionamento da energia psíquica para o corpo.
Dor, que pode ser percebida em várias partes do corpo (cabeça, pescoço, abdome, costas, tórax, articulações, reto) e em diversas situações (durante atividade sexual, micção, menstruação). Por definição, a somatização deve conter sintomas álgicos oriundos de diversas partes do corpo, ocorrendo aleatoriamente em relação ao tempo e à localização física.
Sintomas gastrintestinais autonômicos com náusea, diarreia, vômitos e intolerância alimentar.
Distúrbios sexuais e do sistema reprodutor com irregularidade menstrual, vaginismo, impotência e indiferença sexual.
Sinais e sintomas pseudoneurológicos que não dor, tais como fraqueza, paralisia, desequilíbrio, afonia, retenção urinária, alucinações, amnésia, surdez, cegueira, crises “convulsivas” e perda da consciência
soluços, taquicardias, dificuldade súbita para respirar, tosses, dificuldades de movimentos, paralisias parciais ou totais, zumbidos no ouvido, tontura, enxaqueca, outras cefaleias, dores musculares, formigamento, hiperestesia, incapacidade de ingerir alimentos, aperto na garganta, contrações, dores crônicas, dores agudas, vômito, alteração do apetite, tremores, tiques, amnésia, sonambulismo. Diversas alterações dos sentidos
( audição, visão, tato, olfato, paladar - de leves à muito intensas e incapacitantes)
Observando que os sintomas citados, podem estar presentes em muitas outras condições patológicas. Na histeria não exite uma causa fisiológica ou doença no diagnóstico. Mas nem por isso os sintomas são falsos.
Se na idade antiga, apresentar sintomas histéricos ou uma personalidade com traços histéricos, não era confortável, a coisa piorou muito na idade média, onde as portadoras de neurose histérica eram consideradas possuídas pelo demônio, e o tratamento incluía tortura e fogueira.
Um pouco sobre a Feitiçaria
A feitiçaria é praticada desde os primórdios da humanidade. Feitiçaria é a arte de alterar um estado físico, emocional ou espiritual de uma pessoa específica ou de uma situação e as pessoas a ela relacionadas. O praticante de feitiçaria pode usar diversas técnicas, bem como evocar espíritos, elementais e encantados para reforçarem a energia necessária para alcançar seu objetivo.
Falarei mais especificamente sobre feitiçaria em um outro texto
Sintomas clássicos da feitiçaria
Além de todos os sintomas subjetivos acima descritos na histeria,
podem ainda ocorrer:
Sintomas subjetivos da ação da feitiçaria
Medo generalizado e indefinido;
pressentimentos e fobias diversas;
sensação de "presença" mesmo estando sozinho;
pesadelos, distúrbios do sono;
imagens e pensamentos recorrentes;
sensação de estar amarrado, sem iniciativa e vontade para nada;
muita irritabilidade, raiva e intolerância;
questionamento sobre a existência de deus;
esquecimentos e distrações; isolamento;
Desinteresse por tudo o que antes interessava;
dores diversas sem diagnóstico;
vulnerabilidade e imunidade baixa;
revolta e frustração ou apatia e resignação;
sensação de estar sugado e sem energia;
idéias recorrentes sobre doenças e morte;
Visões de vultos;
Sintomas externos indicadores de ação da Feitiçaria
Perseguições e implicância dos outros;
transtornos profissionais, perda de emprego;
amigos ou parceiros românticos que desaparecem sem motivo
mudança no comportamento dos familiares;
doenças ou reveses ocorrendo com vários membros da família;
mudança de comportamento das pessoas em volta; má vontade das pessoas;
negócios certos que são desfeitos;
falta de oportunidades,
separação amorosa;
contratempos de todo tipo;
acidentes pessoais, quedas, torções;
aparelhos eletrônicos que estragam;
Carro que enguiça;
agressões, furtos e roubos;
ruídos estranhos em casa, encanamentos que estragam, vidros que se quebram;
ruídos estranhos em casa;
Dificuldade das coisas chegarem à sua casa (encomendas, correspondências extraviadas)
Dificuldade das pessoas chegarem à sua casa (prestadores de serviço, visitas...)
Perdas judiciais de causas que aparentemente estavam ganhas.
Comportamento estranhos dos animais;
mesmo com a casa limpa, presença de muitos insetos, especialmente os voadores;
cheiros desagradáveis;
alimentos que estragam rapidamente, flores e plantas que secam.
Existem ainda outros sintomas que irei aborda na parte II referente ao presente texto.
Cruzando os sintomas
Tanto pessoas histéricas quanto magiadas, em geral são vítimas de preconceitos
ou não são levadas à sério. Ambas são estigmatizadas e evitadas pelos demais.
Como podemos analisar pelo exposto, a sintomatologia de um surto histérico e a sintomatologia subjetiva de um ataque psíquico podem ser bem parecidas.
Descruzando os sintomas
Uma indicação que pode servir como um critério de diferenciação entre uma e outra é a seguinte: em geral histéricos creem totalmente em sua doença. Já os magiados "sabem" ou intuem que algo está errado em relação à sua vida. Tanto é que muitos magiados buscam socorro em terreiros ou igrejas, querem livrar-se do que os está causando sofrimento. Enquanto histéricos raramente buscam ajuda psiquiátrica, pois criaram a doença justamente por uma negação de que algo errado tenha acontecido. Os primeiros querem a cura e os segundo não.
Outra diferença significativa é a que os sintomas causados pela feitiçaria, a primeiro momento podem não ser diagnosticados em exames, mas sequencialmente, dependendo da insistência e intensidade do demandante, podem tornar-se doenças reais com bastante gravidade. E na feitiçaria existem os sintomas externos não presentes na histeria.
O tratamento da histeria
O tratamento considerado mais indicado é a psicoterapia.
O uso de fármacos é indicado apenas quando existem junto com a histeria, a presença de outros transtornos mentais.
O tratamento da feitiçaria
O tratamento para a feitiçaria consiste em munir-se de todos os recursos possíveis e cabíveis tanto para a atenuação dos sintomas e danos, quanto para a desativação do feitiço.
Incluí fé, determinação e orações frequentes; vigiar o próprio pensamento e não se permitir cair em baixa vibração; evitar o ódio e a cólera; desviar a atenção de tudo de ruim que está lhe acontecendo; evitar pensar em todas as pessoas que são desafetos; evitar discutir, evitar pensar em frustrações ou desejos impossíveis de se realizarem; buscar atividade que lhe trazem bem estar, praticar esportes - mas sem exposição de riscos desnecessários; verificação da saúde física através da medicina convencional; alimentação o mais equilibrada possível, fortalecimento do sistema imunológico; terapias alternativas como Reiki, florais; passes magnéticos em centros espíritas, passes de descarrego em terreiros de Umbanda; rituais de mentalização para proteção; rituais de manipulação elemental; evocação dos guias e protetores;
E se possível, encontrar um médium magista competente e um bom templo para as medidas que exigem conhecimento e preparo, e que por motivo óbvio não serão aqui descritas.
Influência espiritual sem feitiçaria
- Consulente sugestionável ou histérico, vítima de um obsessor, procura ajuda espiritual com algum médium, sensitivo ou terapeuta, e o mesmo por falta de preparo ou também influenciado por um espírito obsessor afirma categoricamente que o o consulente foi vítima de feitiço (fato que nesta caso específico não ocorreu). Indica o desmanche da demanda, rituais de proteção, energização e descarrego, na maioria das vezes cobrando por isso.
- Consulente equilibrado começa a apresentar sintomas de doenças, procura diversos médicos, faz vários exames e nada é contatado que justifique a apresentação dos sintomas. Ocorre que os sintomas físicos ou emocionais sentidos pelo consulente, podem ser causados por:
1. Espírito conhecido de familiar ou amigo sem objetivo obsessivo
Um espírito de alguém que ele conheceu e está se aproximando dele, por motivos variados (saudade, segurança, apego demasiado, etc). Mas que não tem intenção de causar-lhe danos. Por exemplo, o espírito desencarnado passa ao consulente os sintomas de doenças ou dores suas. Neste caso, quando esse espírito é encaminhado, o consulente logo "fica curado".
Acontece que muitas vezes, a ligação afetiva entre ambos, ou a dependência do desencarnado em relação ao encarnado é tão forte, que dificulta muito a liberação e o encaminhamento.
1.1 Espírito de conhecido com objetivo obsessivo
Pode ser um membro da família ou outro parente, que não gostava ou sentiu-se prejudicado pelo encarnado. Bem como um inimigo. Nesse caso o espírito por ter uma fixação negativa no encarnado, tem a intenção obsessiva de causar-lhe doença e dor, quer que o encanado "pague" o mal, real ou suposto. Essa situação pode ser, em alguns casos tão ou mais grave que um caso de magia negra encomendada, Devido à fixação e tenacidade do desencarnado, e pode perdurar séculos.
2. Espírito não conhecido sem objetivo de causar danos
Um espírito que por "afinidade" aproximou-se da pessoa, mas que também não tem a intenção inicial de causar dano, mas por suas vibrações e ligação psíquica ao encarnado, termina por prejudicá-lo. Esse espírito por não ter uma história de amor ou ódio com a pessoa em questão, pode ser facilmente encaminhado em um centro espírita, igreja, etc. Ou pode, por aumento de consciência, partir deixando livre o encarnado.
2.1 Espírito não conhecido com o objetivo obsessivo
a) Intenção de vampirizar para satisfazer seus próprios desejos e vícios. Sabe que vai causar danos, mas não se importa.
b) Intenção de adoecer e minar as energias do encarnado. Sabe o que faz e atua por "encomenda"
A influência espiritual obsessiva sem feitiçaria é de longe a que mais ocorre, mas nem por isso é menos grave.
Como um processo de feitiçaria ou obsessão espiritual pode causar danos na saúde?
Tanto a ação de feitiçaria, quanto a ação de espíritos obsessores, ou a ação conjunta dos mesmos podem sim causar danos terríveis ao magiado.
Exemplos:
-Uma pessoa tem diabetes.
Essa condição patológica não é histérica, pois é verificável fisiologicamente e também não foi causada por um feitiço.
Mas a atuação de um feitiço pode alterar a taxa de glicose nessa pessoa.
Como? De várias formas, mais a mais simples seria que as vibrações desagregadoras enviadas a essa pessoa, podem manifestar-se mais facilmente em órgãos que já são mais vulneráveis ou menos energizados.
- Uma pessoa que é dependente química
A dependência existe anteriormente à qualquer feitiço, mas quando magiada, essa pessoa receberá sugestões muito destrutivas; terá contratempos frequentes; dificuldades de relacionamentos, que infalivelmente a levarão a um aumento de angústia e ansiedade, o que culminará no aumento do vício e das consequências bio-psíquico-sociais causadas pelo mesmo.
-Uma pessoa saudável
Também pode vir a ter doenças ou sintomas físicos e emocionais em razão da influência de feitiço ou obsessão espiritual. Essas mudanças podem ocorrer por ação direta de energias deletérias enviadas ou ação hipnotizante levando a um quadro de comportamento destrutivo ou de risco. Pode vir a usar drogas e álcool, desenvolver anorexia, ficar depressiva, ter uma diminuição da imunidade, o que aumentará suas chances de ficar doente, etc.
Concluindo:
-Todos os sintomas de doenças provocados por de feitiçaria, têm espíritos desencarnados atuando de alguma forma. Podem ser mentores da situação, manipuladores ou auxiliares.
-Nem todos os sintomas de doenças não diagnosticadas, nos casos de obsessão espiritual são acompanhados de feitiçaria.
- A constatação de uma neurose histérica não implica em descartar a ação de um feitiço, que por sua vez irá reforçar e muito o padrão histérico do magiado.
-A ação da feitiçaria ou da obsessão espiritual em uma pessoa, pode fazer com que ela seja diagnosticada como portadora de neurose estérica. Nesse caso, o tratamento psicoterapêutico pouco ajudará, havendo necessidade de terapêutica espiritual.
-Pode-se encontrar em uma mesma pessoa um quadro de histeria, obsessão espiritual e feitiçaria.
Bibliografia e referências
BREUER, Joseph e FREUD, Sigmund. Estudos sobre a histeria. In Obras
Completas, vol II, Rio de Janeiro: Imago, 1969
FREUD, Sigmund. Etiologia da histeria, 1896. In Obras Completas, vol III,
Rio de Janeiro: Imago, 1969
Por Claudia Baibich