O movimento corporal nas incorporações de Pombas Giras é marcado pela explicitação do feminino.
Com a aproximação da entidade, começamos a nos desligar do controle e da tensão muscular, e pouco a pouco somos envolvidos por uma inebriante sensação de leveza, alegria, auto suficiência, sensualidade, e segurança. Ao contrário do que muitos podem pensar, jamais experimentamos sentimentos de agonia, luxúria, perversidade, tensão, medo, ódio ou qualquer outra sensação "pesada", quando incorporamos nossas Guardiãs.
Assim que se dá a incorporação, a entidade solta uma bela gargalhada e imediatamente inicia seu bailado. Quando dançam, elas costumam girar ( e como giram ) com um pé apoiado inteiro no chão e outro apoiado na ponta dos dedos. Também fazem movimentos com os ombros, enquanto que as mãos costumar ficar apoiadas na cintura ou nos quadris. Quando caminham, o fazem de modo lento, gracioso e altivo, muitas vezes segurando e movimentando a ponta da saia, o que fazem também dançando.
A harmonia médium-entidade, no processo da incorporação, é um exercício de conhecimento mútuo, de confiança e de entrega que vai sendo realizado gradativamente ao longo das giras.
Já citei em outro artigo, que muitas vezes, nem sempre á a Pomba Gira Guardiã do médium, que inicia o desenvolvimento mediúnico do mesmo, e sim, outras especializadas nessa função como as: DAMAS DA NOITE. De qualquer modo, todo início requer, paciência, dedicação e concentração.
A maioria dos médiuns fica ansiosa, para saber qual o nome , qual o ponto riscado ou cantado, a qual falange pertence a entidade, se vai trabalhar com consultas, qual as cores de sua roupa, quais oferendas lhes são mais convenientes, qual o perfume que gosta etc. Tudo isso é muito natural, mas o que o médium precisa entender é que enquanto a entidade não achar conveniente, nada lhe revelará á respeito do que quer que seja. E existem muitos motivos para essa decisão: imaturidade emocional; imaturidade intelectual; falta de concentração e dedicação;momento inoportuno: o médium pode ter que vivenciar e resolver outras questões em sua vida pessoal e não estar disponível para uma entrega à vida espiritual, mesmo achando que é o momento de se dedicar; ou motivos de ordem hierárquica como: entidade não recebeu "permissão" para nenhum tipo de revelação.
Ocorre que determinados médiuns já possuem uma ligação espiritual de longa data com sua Pomba Gira, já se encontraram em muitas vidas e têm uma afinidade maior, e isso facilita a comunicação entre eles.
Quando o médium está trabalhando num terreiro, ele além de servir às entidades que considera "suas", ele também está à disposição da casa e dos Orixás e guias da mesma. Esses espíritos "da Casa", teriam o compromisso com a manutenção da corrente como um todo e da segurança e harmonia do grupo, não sendo exclusivamente dedicados a este ou aquele médium. E qualquer um desses guias, pode incorporar em qualquer médium da corrente, para a realização de um trabalho específico, determinado pelo Guia espiritual que comanda aquela gira. Num caso desses, a entidade não tem porque identificar-se ao médium, pois ele está sendo literalmente um "cavalo" de Umbanda.
Pois bem, lhes asseguro que nenhum de nós, médius incorporados por Pombas Giras, sentimos desejos sexuais, impulsos inescrupulosos, sentimentos de discórdia, vontade de fazer o mal, agressividade, etc.
Elas não são "santas canonizadas", mas longe de serem espíritos perversos.
Se o médium fica grosseiro, vulgar e tem desejos sexuais, isto é deles meus queridos. O que também não é o fim do mundo, pois uma das funções de nossas amigas é esgotar os sentimentos sombrios, fazendo com que os mesmos venham à tona, par serem vividos e trabalhados conscientemente pelos médiuns. À medida que ele exterioriza, através da incorporação sentimentos sombrios, tanto os dirigentes do trabalho, quanto os irmãos da corrente e mesmo os consulentes da assistência irão perceber o que está ocorrendo, e de alguma forma o médium começará a entender o que é seu e o que é da entidade, se ele não conseguir elaborar e digerir esse processo sozinho, deverá ser orientado pelos dirigentes dos trabalhos.
Concluindo: o que sentimos quando incorporamos esses espíritos é essencialmente positivo e a questão da energia de sexualidade (já que elas manipulam as forças centradas no chacra básico (que é o centro de força das energias orientadas para a segurança; instintos de sobrevivência; instintos de procriação; iniciativas, criações e concretizações) deve ser entendida como o desejo de vida; de auto estima; de realizar; de transformar; de amar e ser amado; e valorizar o corpo físico que abriga a nossa consciência e nos permite como veículo, viver a nossa humanidade e aproveitarmos a oportunidade desta existência para nos tornarmos melhores.
CLAUDIA BAIBICH
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